sexta-feira, 27 de junho de 2014

Entrevista com Lessa

Entrevistador: O que o Caps esta sendo na tua vida, como ele contribuiu para a melhoria da tua vida social, sentimental, espiritual e sócio-econômica?

Meu nome é Lessa, estou há 10 meses realizando tratamento no Caps. Sinto que venho tendo uma grande evolução.

E: Você se sente feliz?

Lessa: Eu me sinto confortável, pra dizer que me sinto feliz ainda é precoce.

E: Defina confortável.

L: To me sentindo bem, seguro, aqui é uma prevenção. Meu tempo aqui é precioso, eu não tenho tempo lá fora para pensar em outras coisas. Como aqui é um tratamento social eu to me adaptando bastante.

E: Como conheceu o Caps e como chegou ate aqui?

L: Conheci através de uma sobrinha minha que me levou lá no Pantanal, no Ad Ilha, depois eu fui para a Casa de Apoio onde me encaminharam para o Caps Continente.

E: Como foi seu acolhimento no Caps, foi bem recebido, quais suas expectativas e reações?

L: Eu fui muito bem recebido aqui assim como todas as pessoas são, eu acredito que sim, todo usuário que vem pra cá e aqui faz o tratamento eles tem as regras que a gente tem que respeitar, se respeitar as regras a gente atinge o objetivo que tem.

E: Fale um pouco sobre os profissionais aqui.

L: São excelentes profissionais, por exemplo, o medico psiquiatra, ele faz o tratamento e acompanha o tratamento, isso é muito importante, fazer o tratamento e acompanhar, aqui a gente tem a oportunidade de estar 6 horas e estamos sendo acompanhados pelos profissionais.

E: O que mudou na sua vida após certo tempo de tratamento no Caps?

L: O próprio comportamento mudou, minhas atitudes.

E: Quais as atitudes que você tinha e faça um comparação com hoje, o que vc  era e o que vc é hoje. 

L: Antes eu não tinha uma visão tão ampla da vida, amor próprio, eu tava esquecendo de mim mesmo, não tava me importando comigo mesmo, e consequentemente com as pessoas que me rodeavam. Se tu não te importas contigo mesmo não te importas com o teu semelhante. Eu comecei a dar mais valor e importância a mim e aos colegas, as pessoas que me cercam, mais respeito, valorizei mais, valorizei mais a vida.

E: E o que você ta colhendo com isso?

L: Eu to colhendo bons frutos do que eu plantei.

E:Quais são suas expectativas para o futuro?

L: Eu tenho vontade de trabalhar, de ter a minha própria casa, e ter os meus próprios meios de renda.

E: De um conselho para quem esta chegando agora no Caps.

L: Não desistirem, ficar firme no propósito que a vitoria é certa.

E: Uma palavra de apoio para todas as pessoas que estão aqui e que provavelmente chegarão.


L: A gente esta aqui para apoiar os colegas que chegam, para dar exemplo também, nós aqui no Caps que conseguimos atingir nossos objetivos somos exemplo, e dar esse exemplo para as pessoas novas que estão chegando e apoiar de que tem que vir e ficar firme no seu propósito, não pode desisitir!

quarta-feira, 4 de junho de 2014

A Luta


“Considero valente aquele que supera seus desejos em vez daquele que conquista seus inimigos, pois a mais árdua vitória é sobre si mesmo.”


Esta frase de Aristóteles, filósofo grego que viveu nos anos 350 a.C., nos mostra como é difícil a luta contra nossos desejos. O vício em alguma substância gera um desejo incontrolável de usá-la, não é a toa que a palavra “adicto” provém do latim “addictum” que significa escravo. O que nos leva a admitir que somos escravos dos nossos desejos.
Quando Aristóteles diz que a mais árdua vitória é sobre si mesmo, demonstra o quanto precisamos de sua ajuda e compreensão.
Aqueles que estão em tratamento no CAPS Ad Continente, entre os quais me incluo estão aprendendo como refrear seus desejos e sentem na carne e na alma o quanto Aristóteles tinha razão. Estamos aqui porque compreendemos que sozinhos seremos derrotados.
E se você que está lendo este artigo se perguntar: como posso ajudar? A resposta talvez esteja nesta última frase:
Não nos olhe como uma mancha negra na suposta alvura de sua arquitetura social, e sim empreste-nos cores para que possamos nos tornar uma obra de arte, capazes de trazer para esta luta outros como nós que ainda não se deram conta das algemas invisíveis que carregam.

Paulo Lerina