Hoje nossa postagem homenageia um
grande amigo e profissional que trabalhou durante 4 anos no nosso CAPS e que
com certeza fará muita falta aqui conosco. Estamos falando do Marcio,
vigilante, que está se despedindo para assumir outro posto de trabalho e assim ter
mais tempo para acompanhar os passos de sua filha que nasceu ha poucos meses.
Sentiremos saudades da roda de chimarrão
que ele fazia, contando causos, conversando com todos. Mais do que um profissional
competente da segurança víamos também um amigo e parceiro. Agradecemos por ter
emprestado o ouvido para nossos desabafos. Mesmo sendo calmo nos passava uma sensação
de segurança e profissionalismo.
Desejamos muita felicidade, paz e
sucesso no seu novo posto de trabalho, que continue sendo essa pessoa
maravilhosa que é. Esses são os votos de seus companheiros do CAPS ad
Continente. Nosso muito obrigado! Boa sorte nesta nova jornada!
Do encontro entre uma moradora de rua, um professor de violão e um cabeleireiro no centro de Florianópolis nasce uma amizade ligada pela música. O repertório varia de clássicos da MPB ao rock. Reportagem publicada na página online do Diário Catarinense de 27/05/2015
Era uma noite fria e chuvosa em Florianópolis quando
o violonista,
arranjador e compositor Wagner Segura ouviu uma voz saída da
calçada.
Era um timbre feminino.
— O senhor é professor de música?
— Sou.
— Se eu cantar o senhor me acompanha?
— Depende. O que você quer cantar?
— Noites Cariocas.
Foto:
Diorgenes Pandini/Agencia RBS
A mulher estava sob um plástico estaqueado entre um
pedaço
de papelão e um carrinho de supermercado.
Para o instrumentista, referência no
ensino do choro, samba e música
brasileira em Florianópolis, chegava ao fim um
extenso dia de trabalho.
Para a moradora
de rua começava mais uma longa noite ao relento.
Para os dois, se
iniciava uma amizade cuja pauta é musical.
Assim tem sido desde que a moradora de rua Olga Emily Montanhini,
42 anos,
abordou o professor.
Emily é mãe, mas perdeu na justiça a guarda dos filhos.
É
avó, mas não conheceu o neto.
Nascida em Campinas (SP), vive há cerca de dez em Florianópolis.
Cotidiano diluído em fragmentos de mundos.
Às vezes, sem expectativa de reparar
laços despedaçados pelo uso de drogas.
Vício que começou aos 15 anos.
Em
outras, reveladora de um desejo terno de rever familiares que
tentaram fazer
que ela saísse das ruas.
Dona de um repertório eclético — Elis Regina, Chico
Buarque,
Rita Lee, Cassia Eller, John Lennon, Janis Joplin —, Emily é também
boa em fazer amizades. Tem outros amigos, como o cabeleireiro Jefferson Neiva,
dono de um salão de beleza próximo, e onde vez que outra, Emily
sobe para tomar
um banho, cortar o cabelo, pegar um café.
Foto:
Diorgenes Pandini/Agencia RBS
Conversar com Emily costuma ser surpreendente.
— Por que cantas?
— Porque me encanta. Porque encanta-me. Porque encanta.
Florianópolis
possui cerca de 400 moradores de rua
Emily é personagem da realidade das ruas da Capital.
Voz
que dá voz às outras 25 mulheres entre os 400 moradores que
ocupam calçadas,
marquises, viadutos.
Número entre os 50 mil em situação de rua do país.
Gente
que só será oficialmente contada no próximo censo nacional do IBGE, em 2020.
Foto:
Diorgenes Pandini/Agencia RBS
Emily é cadastrada no Serviço de Abordagem Social da
prefeitura.
A assistente social Irma Remor explica que várias possibilidades
foram
oferecidas para que ela saísse das ruas. Mas ela não quis.
— Não podemos fazer uma internação compulsória.
Pode ser um
paradoxo, mas temos casos em que isso gera um
desencontro da pessoa consigo
mesma e ao que a nossos olhos seria bom,
gera tristezas e inconformidades na
pessoa.