Participo do grupo Blog Nossa Voz, nas sextas
feiras pela manhã no Caps ad continente. Através deste tivemos a oportunidade
de acessar o blog da casa de apoio algumas vezes, onde eu e alguns colegas
podemos curtir mensagens que eu havia postado ali.
Estou hoje morando na Casa de Apoio, onde como o
próprio nome diz, recebo o apoio necessário para minha sobrevivência como ser
humano.
Estou hoje vivo, depois de ter visto a morte na rua
graças à abordagem de rua, ao Caps ad continente que me recebeu e finalmente a
casa de apoio juntamente com o meu impulso de vida que existe dentro de mim e a
minha boa vontade que fez extrair ela lá do meu interior como o último suspiro
que milagrosamente ainda deu certo.
Tudo foi um conjunto. Porém para que a manutenção
de tudo isto aconteça e eu continue vivo e mais, limpo da cachaça e das demais
drogas é necessário o tratamento, a recuperação da dependência química
instalada.
Nunca poderia deixar de me lembrar desta ferramenta
que hoje me proporciona as sensações e as transformações na minha vida. Tem me
proporcionado a oportunidade de utilizá-la com o comprometimento pela minha
vida, minha recuperação, que hoje tenho em primeiro lugar.
Na verdade não existe jogo como na mesquinhez.
Revejo qualquer desculpa ou motivo que possa me tentar desviar do caminho e
vejo que não existe uma em se tratando da minha vida.
Tenho pernas no tamanho do meu passo. Meu projeto
no Caps é do tamanho da minha necessidade. Me mantém vivo e limpo hoje.
Nas atividades do Caps tenho aprendido, relembrado
e me trabalhado. Sentimentos, relaxamento e prevenção. O básico.
Penso que está sendo o meu momento, tenho
despertado depois de trinta anos de adicção para a realidade da minha doença
como nunca e isto está fazendo com que eu me sinta livre e dono das minhas
possibilidades. Sinto-me dono do meu momento.
Através do meu amadurecimento sei o que devo fazer.
Onde buscar ajuda.
Volto á dizer: “A dor ensina à gemer”.
Vejo o Caps como uma escola, com uma única sala de
aula, na qual alunos de diferentes níveis se encontram e se igualam, ou pelo
menos alguns com o orgulho ainda tentam. Os que estão no primeiro ano convivem
com os que estão na faculdade, no orgulho e na humildade existe a proposta do
equilíbrio como ensinamento. Serenidade, coragem e sabedoria.
Alexandre
Bandarra